Beco rosa
Duas pessoas se encontram em um shopping, talvez seja mesmo este o lugar, não tenho certeza, deve ser shopping mesmo, deve.
-Já derramei tanto amor, que nem posso fazer as contas. Você não imagina o que é ter um oceano, e a pessoa te oferecer um barquinho.
- Que poético esse seu drama, amigo! Oh!
- Você não imagina o que é medir a circunferência de tantos abraços, amiga. Aliás, você ainda vai se foder e vou rir de você também, rá, rá, rá.
Dito no assim o besta do Beto destampou a bocarra e começou a rir nervosamente, em nervos saindo pela estampa da cara desbarbeada de fim-de-semana, porque o seu chefe não estava ali perto e sua carinha de bumbum de bebê poderia ficar à vontade, escondidinha na moita. Eba.
- Eu sei, matematicamente, ainda é pouco, mas pelas minhas contas você tem sido demais nessa vida, não fica assim, Betão, vai.
- Marina, ninguém vai acreditar nesses números, nem Deus.
- Olha isso, Beto.
Marina sacou o celular da bolsa e acionou o menu para uma angelical calculadora de tela rosa, combinando tudo com seu jeitinho pink de ser:
- Pode fazer as contas, Betão, eu sei, ninguém vai ficar olhando, e nem vou gritar aqui que você tem sido o pior aluno de engenharia, mas é o maior amante desse mundo. Um sujeito escapado da frieza dos cálculos para a nobreza (?) dos sentimentos, ora, viva, viva!!!!!!!!!!
Marina também esgoelava neste agora de tanto rir, e Beto, então, sem saber o caminho do seu a seguir adiante, e na fartura dessa alegria desenfreada também voltou a se esparramar de alegria, afinal a vida é linda, linda!
Moacyr Scliar: Ciumento de carteirinha
Há 5 anos
Um comentário:
OLha, estou te esperando, então...
Vai ser muito, muito bom, muito bom mesmo, te encontrar lá...
Beijinhos
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