O meu velho olho de volta, novo
Em duas semanas estarei de volta... Aonde vai? Eu? Ah, eu vou-me em mim, no redundante buscar-me num requebro em gaveta de família, descansar meu juízo em prosa deserta de mim e dos outros no comigo instante daqui de São Paulo. Faço-o, no definitivo, na segunda, agora dia 24 de agosto deste 2009, bem diante e do lado do meu nariz, no meu olho direito (que não é de terra de cego, e nem de rei nunca mesmo foi) uma pequena intervenção, só para troca de vidro embaçado, depois volto com um novo e tudo ficará bem no enxergamento, com olho vendo o limpo, o sujo e tudo o mais que ninguém pode esconder do onde ao onde a vista alcança, em ver e visto será, definitivo. Fui.
Ah, como só dirijo bicicleta, e dos outros, se tiverem coragem do empréstimo, já ia me esquecendo, o meu ir nessa operação do olho em vista no acima aí descrito, será de motorista especialíssimo! Um chofer e tanto! A amiga da questão cirúrgica em vista, sábia que é – de tantíssima inteligência - nem faz questão do dizer do seu nome aqui, porque nem precisa dessa minha minguada, mirrada, apertada, estreitada, entortada divulgação, ora, ora! E ela entende, porque o meu pouco, em demais, não lhe precisa dar-lhe o repartir disso, ela já o tem e muito, longe mesmo antes do meu conhecer em vida que estamos bastante, e amigos de ver e de verdades.
Rá, a danada, vou no ficando com uma dívida danada com ela, e assim terei que vender a alma. Tomara, se houver, claro, comprador. Afinal, minh’alma já anda desgrudada de meu corpo e na hora do agachar para o esticado do outro mundo, nem darei tanto de trabalho. Nem quero ver. Não mesmo. Que longe seja. Bem no distante deste aqui, oh! Risos, risos, risos. Foi e Fui.
Fora de órbita
Nos últimos instantes de outro dia da semana passada, alguém despediu para sempre do seu amigo, por e-mail, pode? Pior, nesse caso haveria morte mesmo, para sempre, pois o recebedor da mensagem não poderia realmente interagir com o candidato ao sono definitivo, e dissuadi-lo da macabra empresa.
Explico-me: isso de virtualidade é realmente uma pena, a mensagem nunca chega na hora e no momento correto, nunca. Assim, se houvesse mesmo jeito de querer salvar o vitimado desse surto, nem teria como... O recebido, recebido fica, no passado. É a covardia da impotência diante da virtualidade, do nada, da não coisa. Aí fica aquele gosto de sangue na boca, sem sangue, sem nada, mas o gosto não sai, não sai nunca dali. Covardia, sacanagem dos que usam a tecnologia para impor a força da impotência, da impotência, da impotência.
Mas o corpo ainda está morno, morno e o coração voltará a bater. Vivo como nunca.
Moacyr Scliar: Ciumento de carteirinha
Há 5 anos
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