A morte palpável – sete dias
In memorían de Joaquim Augusto Mendes
Sim, eu mesmo me respondo, a morte, por nós, como se fosse inventada a cada um nas suas peripécias de largadas e quebradas de vidas, parece-nos algo vindo do acaso, do além. Mas não, morte é real, palpável, tocável e tangível.
Se quiseres, ou se eu quiser, posso, como num filme antigo e famoso, de célebre cineasta (Ingmar Bergman), jogar com ela uma partida de xadrez: se ganhar continuarei vivo, se perder a ela me darei em cabo, no pleno... Mas não, tal questão fora colocada a gente muito grudada em mim, meu irmão, de sangue e osso, jogou com ela - a vida toda do não me engano - uma partida, e agora o cabo. Hoje, sete dias do seguido, que como um gato, em sete fôlegos... Agora tão jovem foi-se dar no por acaso da morte, que continua assim, mesmo, estritamente, sabida por ampla maioria de gente saudável, viva e de voz e de ciência, mas não passa de uma puta casualidade.
Moacyr Scliar: Ciumento de carteirinha
Há 4 anos
Um comentário:
É... a morte pega nos sempre de surpresa, temos sempre a impressão que não mereciamos isso, mas o universo conspira a favor de nossos queridos, e os transformam em terna lembrança.
Postar um comentário