Ainda em 2010 um cara rouco de barba
Eu estava rouco de gritar uma música americana, de um cara de barba, segurando uma gaita com os dentes. Eu já não me lembro direito dele, nem da música, talvez fosse alguém disfarçado de Walt Whitman, assim do velho mais novo, querendo me pregar um poema/música na orelha em sons bem assim guturais, me arranhando de gato no pelo da sensibilidade.
E sempre que posso eu tomo uma cerveja com as pessoas que encontro na Augusta, pago ou não a metade da conta, dependo da minha moleza com a grana. E o Walt é isso também, um velho barbudo, mas que não usa gaita, até onde sei e nem tomaria cerveja num daqueles bares que eu tomo... Agora, o cara rouco da música que não é Walt, acho que de repente tomaria uma comigo, no verso se fosse, cantando quem sabe, uma música comigo, assim bem rouco em bom português de vez, no baixo dessa rua em São Paulo, ainda em 2010.
Depois eu mando uma música para uma amiga muito querida, que se distrai com isso, dele, do cara da barba, que não é Walt, enquanto eu invento uma poesia pra ter voz e música também como ele; e depois, também, mandarei minha música a todos os amigos, que me querem vivo demais, pra deitar e rolar com eles de alegria e risos, sempre.
Moacyr Scliar: Ciumento de carteirinha
Há 4 anos
2 comentários:
Oi Cacá,
Talvez o Neil tenha algo do Walt Whitman mesmo e do Tom (Waits, que deu origem a tudo isso rs): acho que o talento é algo comum aos (bons) artistas de música, das letras e etc.
bjs!
AnaClaudia
já ouviu o carlos careqa fazendo homenagem ao tom waits?
walt whitman se perdendo na baixa augusta...
abços
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