Crianças que se viram
Eu passava de ônibus, quase sonolento, num balangandan de doido de sacolejo numa carroça indo ao meu encontro, ao meu destino, ao meu rumo, ao meu aquém qualquer que não importa agora...
Um colchão velho, surrado, mijado, sei lá mais o que de quê jogado numa praça, serve de tapete a uns três garotos que treinam cambalhotas, piruetas à la hip hop (será que eu sei o que isso?)... Mas não importa, a espontaneidade daquele pequeno movimento, organizado em seu modo por si, da-nos uma dimensão do que pode ser a infância na maior cidade da América Latina; principalmente nas comunidades mais pobres das periferias de São Paulo.
Viver por aqui e por aí, nesses Brasis, deve ser isso. É se arrumar em qualquer canto, em qualquer riso, em qualquer gargalhada. É o que hoje me basta, mesmo não bastando nunca.
Por aqui, por enquanto.
Moacyr Scliar: Ciumento de carteirinha
Há 4 anos
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