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14 de mar. de 2011

As caras das cabeças



Eles se conheceram como? Como. Sim, aí, nisso, um olhando o torto secreto do outro pelas gretas da Rede. Ninguém saberia se quisessem, e nem vão saber. Dos sonhos, somente os sonhadores sabem... Se o meu contar disso soa aqui nesta página, porque abro fendas em versos dos alheios (que nem nunca se divulgam como poetas e afins que são) também, com meus botões malcriados e arranco deles, de lá, viveres em vivendo assim, quente, atual, no improviso, como a vida sabe se ser. E será, e é, tem sido. Assim.

Vou despir tua alma
a cada passo de milímetro

Vou pensar em você,
no seu cansaço
a cada passo de milímetro

Vou despir tua alma
A cada passo...

Li o soado acima numa dessas mensagens genéricas “caídas” na minha caixa de mensagem assim, com destino incerto, vago, fortuito, sem rumo... Eu ri dela nela, assim na cara sem pensar duas vezes, e tive vontade de continuar aquele poema(?) num dedo de instante celerado para algum rumo do meu íntimo. Mas quando o olhei bem no fundo vi no seu dos olhos, o triste, o alegre, misturando os canos das emoções... Juro que entendi, ele morreria ali naquela reticência vaga, esvaída naquele seu fim desavisado, repentino, torto no seu como. Afinal um esboço assim de repente poderia ser mesmo, por sua vontade livre o próprio poema, no definitivo, fechado no seu próprio corpo? Pronto. Talvez, no lacre.

Eu, poeta, ali nada poderia fazer por mim, nem por ele... Talvez. Era um pedaço, um inteiro, um fagulho, um esboço, um sinal, um raio? Pra quem?! Quem o recebesse em olhar de rumo ali o vendo no papel ou em tela?!

Pronto, um insulto anônimo, uma mera provocaçãozinha barata, que eu vestia agora, calvo, careca que ando da vida na cabeça. Ah, me visto. Vai. Visto.

PS: Meu minuto de silêncio aos irmãos japoneses do outro lado da Terra, bem aqui do meu lado... Que superem e logo essa tragédia!

3 comentários:

Georgeta disse...

Eu fico sempre encantada com as vírgulas que você não coloca onde as vírgulas ficam. Essa liberdade sem pontos. É só um encantamento. Se eu fosse livre, conseguiria escrever. Preciso de um teclado novo, sem sinais.

Georgeta disse...

Em tempo. Gosto mesmo.

Cacá Mendes disse...

brasEu acho que entendi... rsrs. Vamos arrumar um teclado novo pra você! Eu sempre fico me achando com esses elogios, daí que acabo desistindo de desistir de tudo isso de viver escrevendo.

São Paulo, São Paulo, Brazil

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