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19 de fev. de 2008

Das datas

40 anos exatos. 15 de fevereiro de 2008, passado próximo, foi um dia importantíssimo. Como todos os outros dias... Claro, todos os dias, em vida, são importantes sim! O dia em que eu nasci foi um dia muito, muito importante mesmo: para meus pais, minha família toda e, claro, para mim idem.

Datas nem precisariam ter tamanhos alardes e, às vezes, estimas além da conta, no entanto são Marcos necessários para o roteiro da história, da vida... E sempre há necessidade de uma trilha sonora para engrandecer o filme do nosso dia-a-dia.

Mas nem precisaria ser um Ary Barroso ou Enio Morricone; um Germano Matias ou um Toniquinho Batuqueiro já estaria bom mesmo. Oxalá, se a maioria das pessoas desse mundo soubesse da força de um samba. Viva o samba!

1968. No Brasil amargos acontecimentos, coroados pelo Ato Institucional n° 5 – o AI-5. Amargas lembranças: torturas, prisões arbitrárias passariam a fazer parte da vida de milhares de pessoas. Toda e qualquer manifestação contrária ao regime militar, então vigente no país desde 1964, estava terminantemente proibida.

Por outro lado, esse filme triste produziu outros filmes e trilhas inesquecíveis. Uma rápida olhada na história da nossa música e veremos o quão foi rico esse período. Vivam as datas, vivam os marcos!

Data: 15 de fevereiro de 1968. Grande manifestação em Paris, França, em apoio a Henri Langlois, que à frente de um templo do cinema mundial, a Cinemateca Francesa, era ameaçado de ser expulso pelo então ministro da Cultura da França, André Malraux, cumprindo determinações do General Charles de Gaulle. Langlois, conhecido também como “Monsieur Cinema”, era acusado de má gestão daquela instituição da memória cinematográfica, criada por ele em Paris, nos idos de 1936, juntamente com George Franju.

François Truffaut, no livro, O PRAZER DOS OLHOS: ESCRITOS SOBRE CINEMA (Jorge Zahar Editor -2005 - 352 pp – brochura) , em texto para prefácio do livro *L’Homme de La Cinemathèque: “...Várias centenas de diretores, de Chaplin a Kurosawa, de Satyajit Ray a Rossellini, enviaram aos Cahiers du Cinéma, bastante ativos nessa luta, telegramas ameaçando retirar seus filmes de uma Cinemateca sem Langlois.” E aquela manifestação de 15 de fevereiro de 1968, em defesa da permanência de quem fundara e dedicara toda uma vida à Cinemateca Francesa, foi apenas um ensaio do que seria o famoso “Maio de 68” em Paris.

Assim, o emblema das datas na vida das pessoas não é só para ser comemorado, enfatizado, maximizado ou minimizado mas, principalmente para ser estudado, sondado, revirado e, se der: filmado, cantado e contado. De todas as maneiras. E se tiver uma trilha sonora, nem precisa ser de um SAGRADO pela grande mídia, basta que tenha a sensibilidade e a criatividade para glosar o fato em todas as suas dimensões.


Notas:
*(“Prefácio” ao livro de Richard Roud,
L’Homme de La Cinemathèque,
Editions Belfond, outubro de 1982 )

Filmes a partir do “15 de Fevereiro”:
- “Beijos Roubados” (Baisers Voés - 1968) de François Truffaut
“Os Sonhadores”(Dreamers, The 2003) de Bernardo Bertolucci

Um comentário:

Anônimo disse...

hldInteressante sua visão sobre datas.
Se as pessoas pudessem ver e não imaginar a magnitude das datas. Principalmente daquelas que passam despercebidas porque alguém acha que nos apegamos demais a datas. Quem nunca teve uma trilha sonora pra um momento da sua vida? E o que seria de nós sem uma data com trilha sonora. Pena que muitos jovens e não poucos cinqüentões não se interessam em saber o que aconteceu nos idos anos 60. Ainda bem que você se interessa!

São Paulo, São Paulo, Brazil

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