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7 de abr. de 2008

Comunicação popular e inclusão


O amor nasceu das cinzas
Nasceu do carvão
Ele é demais, ele é o cão

O amor nasceu das cinzas...

Essa musiquinha eu ouvi ontem da boca de um cidadão, num ônibus. Um vendedor de balinhas. Enquanto vendia, cantarolava isso. O ônibus sacolejava e as balinhas pulavam do colo das pessoas, enquanto ele repetia os versos. Entre um sorriso daqueles bem escandalosos e uma cantarolada, quando fechava uma venda, dizia:

- Senhores passageiros, não sou marreteiro, não vendo marretas, vendo balinhas, balinhas, balinhas...

E voltava para a cantarolagem e repetia, repetia. Fechada a venda, repetia, repetia a frase. Eu fiquei olhando-o, tentando saber qual a relação das balinhas com os versos. Não, não via. Raramente me dei com situação tão insólita e indecifrável. Os vendedores ambulantes, quando não muito piegas, são por demais criativos... Só não saberia avaliar se este seria o caso.

Ouvi também no mesmo dia, da boca de outro “comerciante” desses, numa pequena banca de filmes “piratas” a seguinte fala/música:

- Chegou o terror doidão! ... terror doidão! ... terror doidão!

Claro, olhei. O cara vociferava isso, fazendo com uma das mãos uma espécie de megafone, para que o som se dirigisse com mais precisão aos ouvidos dos passantes. O “chegou terror doidão” ficou impresso no meu ouvido. Digo impresso, porque a fala do sujeito era bastante autoritária e acertava em cheio os tímpanos da gente. Pensei rapidamente o que seria “...terror doidão”, o que olhei de soslaio e vi aqueles filmes todos com moscas sobrevoando-os. Açougue a céu aberto, no coração do Parque Dom Pedro (nem tão dom, nem tão pedro assim). São Paulo sempre soube disso.

Deve ser por aqui: o sistema produz carnes nobres que serão vendidas àqueles outros, a partir de recintos assépticos; e carnes outras que serão vendidas assim de forma escancarada, postas às moscas, poeira e bactérias de toda sorte.

Quer saber? Inclusão é isso e o negócio é se expor. Então eu volto, porque isso vai longe. Eu volto!

Um comentário:

Anônimo disse...

...Deve ser por aqui: o sistema produz carnes nobres que serão vendidas àqueles outros, a partir de recintos assépticos; e carnes outras que serão vendidas assim de forma escancarada, postas às moscas, poeira e bactérias de toda sorte....

a minha ao ponto por favor...
beijos
Luisa

São Paulo, São Paulo, Brazil

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