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9 de mai. de 2010

Crônica de mãe




Todo dia das mães, ela, a minha de exemplo, uma de fibra como aço, e doce, como, ou mais que mel de abelha de verdade - mas abelha selvagem - e de amor de morrer pelos outros, e não somente pelos filhos; uma mãe mais que tudo de gente em profunda criação da natureza dos mundos, em carne e osso de gente, da vida bela como for, ela então, nos seus dias de alegria, aos domingos, sua missa era uma reza que começava e terminava com os condenados da pequena cadeia de minha terra...

Como preso por motivo que fosse, ou seja, não lhe importava o crime da agulha da besta trancada em ferro, não mesmo. Mãe achava que preso (sei lá eu que entendimento esse dela de direitos humanos de analfabeta que era e foi) devia pagar, mas sofria com isso deles, que iam se acabando uns párias... Não sei, mas quem sabe achava que em dia das mães, elas, as desses des-homens, nem existissem nunca para os tais, muito menos nesta data. Daí, preocupada com os alheios, lá ia ter-se com eles, em espécie de banquete, preparando um frango assado no forno a brasa, com farofa de farinha de milho e miudinhos do assado, tudo com capricho que o cheiro lavava os ares daquele pequeno presídio.

Esse ato de minha mãe para com os filhos outros de outras, talvez, entendendo eu aqui neste encerrar de assunto, que é longo, talvez fosse o seu pensar que mesmo devendo à sociedade, esses, merecessem atenção do seu penar. Mãe que era, quisesse ela, quiçá, ver mesmo, com dois olhos bem abertos, aonde filho seu nunca deveria, mesmo, lá ir. Nem aqueles que nunca, filhos de seu, foram.

Um comentário:

Anônimo disse...

aqui fica minha lembrança jamais esquecida... aquele cheirinho de frango por toda a caminhada.

São Paulo, São Paulo, Brazil

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