Dica: como assaltar com segurança... (ou meu delírio de puro prazer para me aturar numa literatura com pouquíssimos leitores ou quase alguns)
Não é hilário porque é trágico mesmo, o fosso que há entre o cidadão e o estado. Nem entremos nas mazelas e teretetetês e tês e sei lá mais que quês de quês. Ah, estamos fu... didos mesmo! se não arregaçarmos as mangas, as barras, as alças, os babados e na hora do voto, escolher as gentes e não as raposas.
Malandro, chama o ladrão, se precisar de segurança, viu? Chama. Chico Buarque de Holanda, sempre Francisco, já nos seus disse-que-disses musicais de antanho, já nos dizia: chame o ladrão! Chame o ladrão!... Epa, é hora, agora é hora também.
E cá, entre mim e você, no breu do nosso íntimo, na hora que precisar assim, assim, num desespero, num agouro de sufoco, de uns trocados, vai até à delegacia mais próxima da sua residência, e espere aquela que será sua vítima... Ah, ah, vai fundo, amigo, assalte à vontade - assalte a vontade (assim, sem crase). Ninguém imagina que alguém ousará a tanto; daí, seja criativo, e tranquilamente surpreenda, inove, com segurança!
Brinco com o brinco nisso ao remastigar assunto que a mídia falou nos tantos
(http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2010/05/mulher-e-assaltada-dentro-de-delegacia-no-interior-paulista.html )com suas patas (ops... pautas), às baldas, nos últimos dias de um caso em Salto, interior aqui de São Paulo, bem perto de nós. Ora, uma pobre senhora, que nem é tão assim pobre – que possuía 13 mil reais pra serem levados da sua bolsa - visitava, em tantas altas das horas uma delegacia local daquele sítio, lá naquela plaga, daquele eito bom do interior dos tantos e tantos que se fala em descanso, manso com seu regaço e coisa de assins. Ora, no meu misto de moleque de rua com cachorro mal educado de convento, de linhagem duvidosa, pois me ora pois (sem virgulo nos entre deles aqui), do sangue de um Pero Vaz de Caminha com uma indiazinha taludinha, me faltam pois pois, ora, adjetivos e outros atrativos em termos, para designar o reino, o paraíso, o sei lá... o interior. O paraíso. Ainda.
Mas no voltando, no do que preciso, no ficar do reto do assunto, em prumo, em rio de ir-se, naquela ralada madrugada do dia tal da referida senhora (eu tentando me aproximar da linguagem do sistema nas tratativas dos autos no sistema), querendo somente resolver problemas outros bem mais simples com seu aparelho celular, objeto de clonagem – o que bem poderia ter resolvido na cor do dia, na neutralidade do sol...
- Isso lá é hora de ir numa delegacia, minha impaciente senhora???!!! Tenha santíssima paciência!!! Este dizer não é meu, e nem sei a que quens atribuir, mas uns e alguéns pensaram assim, no e do trágico, penso. Penso e logo escrevo pra não esquecer.
Teatro ou cinema: olha, cena na delegacia, corta. Noite. Não, madrugada. Não, noite, fecha. Corta. Abre, vai.
Os que viram a mulher sendo assaltada no interior, no aconchego da delegacia:
- Ah, essa doida dessa mulher deve estar levando o que merece, uma surra do seu marido, amante, sei lá... Então deixa, deixa ela apanhar, ora! Em briga de casal polícia, escrivão, guarda, milícia, fiscal, carcereiro, vizinho, filho da puta nenhum entra! Não, deixa!
Eu pensando:
- Eu... mato... eu... grito... mato... grito...
Eu voltando por mim:
Gritar pra quem filho de Deus da puta...
- Não entendeu ainda, seu cão duma figa!? Tu não passa de um idiota! Quem mandou você pagar a polícia para te proteger?! Pagou? Ah, ah,... Pelo menos nos aquis de um dos estados mais avançados da federação é no aço e no açude da lama, assim mesmo. Salve-se quem puder, meu velho!
Bom, mas pobre não tem dinheiro pra ser roubado. Ora, dirão alguns, mas têm a vida. Vida? Vida? Que vidão, hein! cara, cabra, cacete, porra, caralho e... esqueci, esqueci o que ia escrever mais. Ah, é de pobre mesmo, então, não tem problema. Foda-se.
Moacyr Scliar: Ciumento de carteirinha
Há 4 anos
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