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31 de mai. de 2010

Um amor sem vergonha assim





Eu não queria escrever isto aqui na primeira, nem na terceira, aliás, eu não queria escrever em pessoa nenhuma sobre as pessoas do meu amor por você. É uma confissão, carta pública, mas pudica, aberta aos que lêem e aqueles que não... Poderia deixar isso lá no silêncio das estrelas, bem longínquo, em suas curvas de luzes. Oh, o amor é uma fruta e não se come, mas com ele se deita, se deleita, se rola e se lambuza; no amor a gente usa óculos escuros para se esconder da gente mesmo se descobrindo um devorador de outro, daquele que, em tese, nem queríamos; ah, o amor sou eu mesmo, em pessoas, gastando pernas no encalço de uma sombra que está sempre adiante, e não do lado, ou atrás, o amor é a gente correndo. Eu corro. Encontro. O amor por você sou eu por mim, saiba você. Eu corro. Encontro.

Isso não é definição, nem ponto de vista, nem experiência, isso é amor acumulado, derramando, enjaulado, amor feroz, de mim, de nós, amor atroz. Se te pegar, serás minha eterna estrela, e com as mãos te farei pessoa do juízo, sim, o meu, o nosso.

Eu sei, andamos a vida toda, longe, você tão distante, e eu que nem suspeitava desse amor em você tão lindo, carinhoso, simples de me querer só seu para sempre de vez. Um amor tão assim, parecendo derretido, mas firme, enlouquecedor, um amor derramando poesia pelos ralos, ops, pelos vales... Ah, e eu que o imaginava morto, defunto, distante, nas catacumbas... você sabe, as diferenças, as pedras, os resíduos, as coisas pra serem retiradas... O caminho precisa ficar livre, escancarado como ferida, eu sei, você quer assim, público, lindo, magnífico, com todo mundo mudo olhando pasmo, como se a felicidade fosse uma loucura mesmo, com gente besta olhando! (Risos, risos, risos). Eu sei, você quer um amor honesto, simples, mas também famoso, um amor sem vergonha assim, do meu jeito alegre em dente, cabeça e peito.

Eu sei, é uma questão de tempo, vamos deixar as estrelas tocarem o chão, as luzes ficarem mansas, a noite emborcar o cais e o navio atracar o sangue das ilhas. Eu sei, é preciso ter juízo para perdê-lo de vez.

Alguém pode dizer onde estou?

Um comentário:

Anônimo disse...

Ah! quem nao precisa de um amor assim? Ainda que ja se faça o outono, ainda que ja nao se faça mais tao aguardado, ele sempre ha de nos surpreender seja qual for a estaçao.

São Paulo, São Paulo, Brazil

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