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9 de ago. de 2010

Berê e Benê


Um amava o outro com uma força descomunal dos loucos de hospício. Dois babões, eternos magnetizados um no pêlo do outro. Como diz a música, “ ficar no seu corpo feito tatuagem, que é pra me dar coragem...”; Chico Buarque sempre foi a trilha, fora ou dentro da agulha. Na verdade, sem querer dar a opinião, e já me metendo dentro um do outro, do assunto em foco de amor que consigo hoje entrar (Sei, as urgências da vida, me perdoem, ficarão para a próxima segunda-feira, prometo)... Eu me rebento por dentro de ira de Benê, por ter meio que estragado Berê, como se fosse possível estragar alguém, ora! Mas o escorregar dos meus dedos aqui, nas teclas do computador, que vão se debatendo em ais e uis de ares romanescos, construído com meus olhos, dois bem assim quase de vidro. Mas não embotados ainda, garanto no quê e no ê, sim, sim, de mim a você, meu caro, que é o no agora lê.

Flor de mel, jardim em si, em sã consciência de alegres de vida, em alegrias redobradas, em sins e nãos, ora, ora, senhores olhares que aqui comigo vão: Sabiam? olhos juntos de uma mesma pessoa que isso vai julgando, sem tribunal, sem testemunhos, sem doutores de um ou de outro lado que seja (a não ser que o amigo leitor seja! Ora, e isso então vira gracejo, me perdoe, dileto)... Bom, mas voltando pro fio que eu inventei lá no começo, o tal casal, em avesso e verso, do dizer, dum estragado amor, em parecer meu, quase obtuso, envergado, alheio, cheio de tortuoso conhecimento de quem obtura por fora, em favor íntimo (eu devia ter sido em vidas passadas uma espécie de guarda, paladino, ou mesmo simplesmente chofer de senhorinhas mui lindas), sem conhecer o buraco por dentro. Bom, todavia pensem, olhos que me seguem, em vida agora neste pingo de instante, poderá um homem estragar uma mulher com mimos e beijos, promessas, tecidos, jóias, rimas sob encomenda a Dons Poetas de Academias, tecidos persas, queijos dos mais suíços... Ufa, depois lhe colocar no ventilador do frio do esquecimento, no brejo da vida, em fuga para a velhice torta, sem a solidão de muitas outras no seu encalço?! Hã?

Pois é, Benê estragou Berê? Isto existe de verdade, em alguém, de estragar um outro por seu querer bruto assim de vez?

Eu nem repetirei coisa do tipo, do gênero, do semelhado, mas veja você que, a mulher, tecida lindamente pelas jóias e mimos de um marido eterno, louco de hospício mesmo, babando em paixões, agora era mandada embora, num certo ou errado dia... Opa. E agora iria no choro, no pé, no chinelo do malvado amor (malvado???) acabado, acabado, acabado....

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São Paulo, São Paulo, Brazil

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