Em 22/09/2008 publiquei aqui neste mesmo espaço o texto abaixo em homenagem ao muito meu amigo Zé Romão... Que bestamente, na data do último dia 26 de agosto, domingo agora subiu para um outro andar, sem dizer coisa de nada explicar. Isso depois de me encontrar no sábado, um dia antes, almoçar comigo e mais uns amigos...
E numa modesta homenagem republico-o, que curiosamente (se místico fosse já pensaria coisas) isso se deu também no mês de agosto, completados hoje, quatro anos e seis dias. Salve, Zè! Um Brasileiro.
Cacá Mendes - SP - 28 de agosto de 2012
Quarenta dias e quarenta noites... Sem chuva
Eu vou pra rua e me atiro nela, estendo lá, derramando o meu todo em qualquer lugar d’alguma calçada e fico lá de papo pro ar, mais que bebendo, embebendo toda água que cair nesse mundo... Esta foi a minha vontade quando me deparei com a chuvinha fina e contínua que caiu na noite do último dia 2 para o dia 3 de agosto em São Paulo. Dancei como dançaria se ainda da tribo fosse, mas fora dela me contive como se contém a civilização, me limitando a me proteger dos pingos... Na verdade tive vontade, depois de quarenta dias e quarenta noites sem chuva, numa cidade seca, de construir mesmo uma arca!
( Mas os bichos aqui na cidade de São Paulo são raríssimos, logo meu empreendimento não teria sucesso mesmo, e teria que me contentar com uma arca vazia, encalhada no Tamanduateí ou num Tietê – derretendo, porque ela seria toda revestida de gelo pra nos salvar da secura do calor).
Mas quem trouxe essa chuva não foi a dança dos meus pares ancestrais, e sim, eu acho, o meu patrício que chegara de Minas, trazendo velhas e novas notícias. E atribuo a esse mineiro com alegria porque é do tipo que vive da fartura e está sempre cheirando a mato, capim, leite, café tirado no pé com frutinhos vermelhinhos, água da bica, capoeira e tantas outras coisas daquela natureza... Oh! E chuva lá em Minas Gerais é fartura que dá até debaixo d’água! (E não é querer puxar a reza para os nossos pecados). Porém, se misturo as coisas porque o Zé Romão é um desenervado da vida. A mim já prometeu, que se um dia ganhar dinheiro de fartura, que é o seu jeito de ser com tudo nesse mundo, fará exatamente como se segue, aos olhos do leitor com todas elas, as letras:
- Quando ficar rico, vou voltar pra nossa terra e descer a rua da igreja, arrastando um pacote de dinheiro, amarrado num barbante. E vou gritar pra todo mundo ouvir: sempre corri atrás de você, e agora vai ter que correr atrás de mim! Dá-lhe!
Mas voltando àquela chuva que não bebi na rua, naquela data de agosto último, que longe vai morrendo porque de primavera minha boca já se enche d’água, só de pensar na estação que nos traz outro trem do tempo... Eu dizia “voltando”, mas nem há que voltar, porque agora a secura do inverno está indo e o Zé Romão (aquele sujeito das farturas) já esteve outra vez por aqui, e assim dispensa dizer o tanto de água que tenho bebido. Arre, espero também que ele faça chover dinheiro, assim, juntos vamos desfilar na nossa terra com uns pacotes de grana correndo atrás de nós. De resto, o leitor já sabe o que faremos. Ou não.
Cacá Mendes - SP - 28 de agosto de 2012
Quarenta dias e quarenta noites... Sem chuva
Eu vou pra rua e me atiro nela, estendo lá, derramando o meu todo em qualquer lugar d’alguma calçada e fico lá de papo pro ar, mais que bebendo, embebendo toda água que cair nesse mundo... Esta foi a minha vontade quando me deparei com a chuvinha fina e contínua que caiu na noite do último dia 2 para o dia 3 de agosto em São Paulo. Dancei como dançaria se ainda da tribo fosse, mas fora dela me contive como se contém a civilização, me limitando a me proteger dos pingos... Na verdade tive vontade, depois de quarenta dias e quarenta noites sem chuva, numa cidade seca, de construir mesmo uma arca!
( Mas os bichos aqui na cidade de São Paulo são raríssimos, logo meu empreendimento não teria sucesso mesmo, e teria que me contentar com uma arca vazia, encalhada no Tamanduateí ou num Tietê – derretendo, porque ela seria toda revestida de gelo pra nos salvar da secura do calor).
Mas quem trouxe essa chuva não foi a dança dos meus pares ancestrais, e sim, eu acho, o meu patrício que chegara de Minas, trazendo velhas e novas notícias. E atribuo a esse mineiro com alegria porque é do tipo que vive da fartura e está sempre cheirando a mato, capim, leite, café tirado no pé com frutinhos vermelhinhos, água da bica, capoeira e tantas outras coisas daquela natureza... Oh! E chuva lá em Minas Gerais é fartura que dá até debaixo d’água! (E não é querer puxar a reza para os nossos pecados). Porém, se misturo as coisas porque o Zé Romão é um desenervado da vida. A mim já prometeu, que se um dia ganhar dinheiro de fartura, que é o seu jeito de ser com tudo nesse mundo, fará exatamente como se segue, aos olhos do leitor com todas elas, as letras:
- Quando ficar rico, vou voltar pra nossa terra e descer a rua da igreja, arrastando um pacote de dinheiro, amarrado num barbante. E vou gritar pra todo mundo ouvir: sempre corri atrás de você, e agora vai ter que correr atrás de mim! Dá-lhe!
Mas voltando àquela chuva que não bebi na rua, naquela data de agosto último, que longe vai morrendo porque de primavera minha boca já se enche d’água, só de pensar na estação que nos traz outro trem do tempo... Eu dizia “voltando”, mas nem há que voltar, porque agora a secura do inverno está indo e o Zé Romão (aquele sujeito das farturas) já esteve outra vez por aqui, e assim dispensa dizer o tanto de água que tenho bebido. Arre, espero também que ele faça chover dinheiro, assim, juntos vamos desfilar na nossa terra com uns pacotes de grana correndo atrás de nós. De resto, o leitor já sabe o que faremos. Ou não.
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