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31 de jan. de 2013

Uma noiva para...


Ninguém me tira da cabeça que eu me perdi indo para Osasco. De trem se chega rápido lá, onde mora minha amiga Risomar Fasanaro, que me “presenteou” com uma noiva... (leitora, logo você entenderá isso) Mas voltando... Me perdi ou fui atacado por algum vírus de Alzheimer no caminho, no que cheguei a pensar que Osasco fosse Guarulhos, ou outra cidade da grande São Paulo. E fiquei muito confuso novamente porque não tenho amigos que moram em Guarulhos e, que eu saiba, para lá não há transporte ferroviário.

Para quem vai de São Paulo a Osasco, se indo de trem, não se vê placa do tipo “Bem- vindo a Osasco”... O “Bem-vindo...” só acontece quando se vai de carro ou de ônibus, dependendo do caminho. Então, eu fiquei perdido de mim, e tive alguma certeza de que não estava indo pra cidade errada somente quando avistei a Estação Presidente Altino. Depois, avistei os prédios em que mora minha citada (acima) amiga Risomar. E pois digo, gosto do mundo de Oz, porque lá tenho sempre bebido água de bons amigos! Com isso, vira e mexe para aquelas bandas me vou, mesmo quando extou (com xis mesmo) indo a ir para outro lugar. No certo, é o que penso.

Mas o assunto que me interessa aqui é outro agora... E voltando vou, pois nele foi que toquei de bico aí em cima, no início. E digo, é sobre a tal da “noiva” ganha por mim em Osasco. Explico: Riso, além de ótima escritora é artista plástica e faz belas pinturas; e com isso, invejado que eu andava de quadros seus presenteados a outros (que mereciam mesmo), fiquei lhe bulindo com uma conversa encostada, acotovelada de risadinhas tolas daquelas que vire e mexe se cutuca e diz: ”e eu?!”, ou “não mereço também, não?!”, ou ainda uma piada contida e até um pouco erudita: “belo, belo quadro, mas não me pertence.”... Nisso fiz doce danado com cara de muxoxo me espezinhando de ciumeira nas ventas toscas de um Serzinho cruel que mirava sem parar a mulher do quadro, ou o quadro com uma mulher que a Riso pintara e já tinha o Dono. Do Rio de Janeiro! o tal dono que já era do quadro! Mas qual, cada um com suas pulgas e seus cachorros (me cutuquei de novo todo... mas aquele já tinha proprietário).

Me torci e contorci de inveja, pois mais, o sujeito nem era de São Paulo... Meu apetitoso bairrismo fez o resto do serviço interno, silencioso; e que de limpo não tinha nada, que pra não estragar isso, psiu, no que pensei daquele quadro que iria pro Rio. Ri-o-de- Ja-neiiii-ro (pensei muito macho de novo)!

Mas vinganças-zinhas toscas, crueldades bobinhas já não tinham o menor sentido...

Segundos depois vi a Riso com o pincel na mão (com a sua simpatia de ser), já desenhando nos ares, com promessas e coisas tais aquele seu quadro que seria o próximo para estancar minha mesquinha embriaguez de irada inveja (dois capitais juntos num só pecado vira um porre). Ah, eu caindo na real, acordado de rápido que fui que tinha que ser, depois dos cinco segundos de embevecimento com a cena do quadro apresentado a mim, e depois sem saber o que dizer à autora do que de belo, de lindo, de tudo magnífico fui e teria a lhe falar, fiquei ali estático com uma cara de peixe (nem vivo nem morto), simplesmente um peixe fora do seu hábito. Risomar não titubeou, me pegou os olhos indo para os seus e me mostrou de pronto que não tardaria, e eu teria o quadro com uma mais bela mulher que já se pintara naquelas paragens de Oz!

Como de magia eu sei que entende, mesmo sem ser mulher de mágicas, dia desses para lá novamente fui chamado, convocado e de logo me botou com os olhos nela: terna, de lábios quase carnudinhos e olhos deliciosos de se comer com as vistas da gente (a marca de Riso, na pintura, estava ali no olhar dela, daquela minha... “Uma noiva para Cacá”. Este é o nome daquela linda pintura).

Pronto: de volta para São Paulo, comigo mais um pedaço de Osasco dos bons... Para sempre levaria, onde fosse comigo nisso, e achar que vou mesmo na vida, assim: estou indo para Osasco, mesmo quando não estou. Indo. Fui.


Fora de órbita

Eu nunca fui à Santa Maria, no Sul, nem conheço ninguém que conheceu algum morto daquela tragédia... Todavia, por lá eu choro como todos choram, como a maioria chora.

E em tempo: a mídia carniceira também vai ter que enterrar os outros mortos das outras tragédias cotidianas e silenciosas. Nas periferias, nos centros... Um dia. Terá que enterrar a todos os outros.




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São Paulo, São Paulo, Brazil

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