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19 de abr. de 2010

Impressões em Glauber - aos pedaços



O Glauber nem me viu ontem sentado na oitava fileira do Cinema pra vê-lo depois de sei lá quantos anos... Geraldo Del Rei na pele do Vaqueiro Satanás, cabra que será de Corisco, marido de mulher/diabo/Eva no sertão guiado por cego, um que guia Deus e guia Diabo, sabe das mortes e de Antônio. E por que Glauber em Deus e o Diabo na Terra do Sol depois de muitos anos, em minha vida? Fui revê-lo por impulso de convite em minhas mãos assim doado à toa, quando me vi já estava lá diante de Maurício do Vale, novo e demônio, a serviço do santo padre para eliminar o beato. E Corisco de Othon, barbudinho e mítico cangaceiro, o último do sertão?

A sensualidade da traição da mulher de Satanás nos braços do último homem daquele regaço... digo, cangaço.

Fiquei me perguntando onde estaria Deus, e onde estaria o Diabo e uma confusão de Glauber em mim de uma câmera no agreste, desmitificando mitos e mitificando outros. Antônio Conselheiro e Lampião, dois ícones do sertão, ali reapresentados em pessoas outras, distintas; um cego que sabe de tudo... Salve, Salve!

Estas impressões, em revista a Glauber, escritas há meses, e hoje, neste domingo em sol laranja de abril de 2010, bem manso com um vento me soprando perto da Avenida Paulista, em São Paulo, por falta de melancolia extrema, ou por falta de alegria em demais, e sem nenhuma poesia na cabeça e nada de ideias nas mãos ou pés, de ser, em vida assim de artista, eu retomo-as...

Epa, mermão, o achado daí de cima, em cinema escrito depois de revisto por mim (o Deus e o Diabo na Terra do Sol), naquele ato de calorada emoção de muito ser, nem revisá-la o farei agora. Vai com o aquilo visto e pensado da época: seja como ser os assins e assados, ou os tramados de uma doideira de imagens que começam na cabeça do cineasta e completam-se na cabeça da platéia que o capta, em lufadas; seja no por dos alis do breu do cinema, em cada coração que emoção houver, com ou sem câmera na mão, mas concomitante, todos que vêem obra da estirpe e fazem, e pensam o filme que se vê e se cria no ato do seu instante exibido. É chocante? É e não. Filme que é bom mesmo, a qualquer tempo, se faz no ato dele existir na tela, não diferente. De resto, todo filme parado, sem rodar, se não for pérola, é arquivo morto. Esquecido.

E pra justiça do fecho, em saber metido filosófico meu, a ideia de filme que só existe na tela, é no seu original (a saber dos meus olhos que vão no até aonde) de um outro baiano, o Diogo Gomes dos Santos, um cinepoetaclubista que há muito - como outros que conheço e estimo do meu lado - faz filme bom ficar existindo. Na tela. Sempre.

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São Paulo, São Paulo, Brazil

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