Eu fiz um silêncio e pude observar que ele não teve nem mais
nem menos ruído do que os outros de outras vezes. Então eu pensei em pessoas juntas nas ruas, nos ônibus, de
corações todos doidos por outros corações mais doidos ainda... Realmente, a
vida é um (grande ou nenhum) mistério: a gente nasce e morre sozinho, mas nunca quer é se separar dos outros, nunca
quer se mover da gente mesmo para um nada de oco qualquer.
Eu digo e sigo eu
mesmo, mas sempre penso que junto comigo sozinho eu não sei viver nunca de
jamais; isso sem ninguém de ser igual eu mesmo, em carne, flor ou osso, ou
espinho que seja mesmo.
Todo mundo quer ser feliz, quer sorrir, mas muitos acham que
isso é motivo de se abrir para o primeiro dinheiro que aparece, ou seja, para o
primeiro mármore frio que te encanta? Não, isso lá e aqui (ou lá na pontuação
do outro lado mundo que seja) é titubeação de classe: dúvida da sua perfeita
divisão de água, de onde começa tua mina e onde começa a mina daquele outro teu
vizinho nada igual a você.
Eu digo pra mim que não canso de não aprender, mesmo, eu das
coisas burras que me meto... Aprendo e desaprendo nessas idades que vou e volto
sempre comigo, que vou ficando de velho e forte de ser eu mesmo, cada vez mais.
Querendo somar e dividir e somar de novo pra dividir de novo... Sou um incauto, sem juízo de um moleque de rua
larga e estreita, eu mesmo em carne e osso! Sou?
E assim digo o que eu não sei (o que sempre soube): o
sorriso é um encanto tardio? Algo que,
se na hora dele o outro já tiver se fechado, com um soco na própria alma de si
mesmo, e pronto, querendo ele te desmanchar do rosto? Não, o sorriso não
poderá, por mim e por ninguém ser um encanto tardio, nunca!
Se ela, a tristeza ou a incerteza te pegar antes da hora, antes da noite; ou se ela te derrubar antes da
queda, antes do muro, antes do poço, não se desarrume da cara! fique firme,
fique firme, como uma rocha e se cubra de pingos da chuva, e finja-se consigo
mesmo: são beijos.
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